Exercitando o
perceber!
Quando eu tinha uns 12 anos, meus cabelos
eram compridos, despontados porem lisos.
Eu
morava em uma casa com um quintal bem grande
e aconchegante.
Lá havia um
canteiro de roseiras, e três árvores frutíferas, um jambeiro, uma goiabeira e uma
ameixeira. Também uns três pés de café.
Tudo
plantado por meus avós maternos.
Nessa época, meu avô já não estava mais
entre nós e minha avó morava só, mas sempre nos visitava durante a semana.
Numa tarde, sentada no murinho do canteiro
das roseiras, eu olhava aquele quintal, o sol estava mais fraco, já era quase
17h. Eu me peguei admirando aquelas árvores, pensando que as via desde
pequena, lembrando que elas eram meus brinquedos de infância. Meu avô fazia
balanço na ameixeira, subíamos sempre na goiabeira, eu e meu irmão. E o
jambeiro era uma árvore incomum aqui em São Paulo.
Eu estava curiosa pra saber de que
raio de lugar veio aquela árvore.
Rsrsrsrs
Minha
avó chegou.
Ahhh, mais que rápido já fui perguntando.
_ Vó, esse pé de jambo veio de onde vó.
Foi a conversa mais longa que tive com minha
avó. Ela me contou que onde ela morava
em Pernambuco, havia muito jambo, ela trouxe de lá quando veio pra São Paulo.
Se você pensa que foi só isso, você se
engana.
Minha conversa com minha avó foi muito além
do que eu esperava, enquanto aquela senhora de cabelos branquinhos e olhos
verdinhos, falava, eu viajava na minha imaginação. Os rios em que ela se banhou com amigos, a feira de Caruaru que ela adora ir, a cocada
de goiaba, isso mesmo, de goiaba!
Ela até fazia a cocada de vez em quando.
Enquanto ela falava eu exercitava o
perceber.
Percebia que ali a minha frente havia uma
mulher, que um dia foi criança, moça, e que aproveitou dos momentos felizes de
sua vida simples, admirando rios, árvores, feiras, coisas que pra mim, naquela época eram raras.
Tudo o que ela me disse, ficou comigo porque
enquanto ela falava eu imaginava as cenas, eu percebia a satisfação dela em
conversar comigo.
Trocamos muito naquela tarde.
Hoje ela não esta mais aqui, mas eu posso
dizer que percebi minha avó. E que hoje que sou mãe, percebo meus filhos, meus
sobrinhos, meus irmãos, pois exercitei o perceber com alguém que já estava aqui
a mais, bem mais tempo que eu.
Ela era sua bisavó Larissa, e se chamava
Quitéria.
Nossa tia que lindo,eu me sint do mesmo jeito quando falo com minah bisavo ou com minha avo.Eu adorei o jeito que você levou o texto,ficou involvente e o final tbm!!...Adorei,adorei msm!
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